O ano de 2018 tem sido frutífero para protestos na indústria da música. Em um contexto social, político e econômico de nuances variáveis, artistas têm usado o poder de alcance de seus projetos para tocar em feridas opressoras da vida em sociedade. Não só as letras de músicas abordam temas polêmicos, mas a problematização ocupa, mais do que nunca, espaços no palco de turnês e nos roteiros de videoclipes.
Listamos quais artistas levantaram usaram seu poder de engajamento para levantar discussões ao longo do ano. Porque nem só de “This is America” é feita a problematização na música:
O rapper paulistano usou o personagem dos quadrinhos para falar sobre resistência e representatividade negra. A música é repleta de referências ao herói da Marvel e integrou a trilha sonora do blockbuster, lançado em fevereiro. “A era vem selvagem, Pantera sem amarra”, canta Emicida, “Sou vingador, vingando a dor”.
A artista americana nunca fugiu de questões sociais em seus trabalhos. O último trabalho de Monae, "Dirty Computer", é um álbum visual que fala sobre relações homoafetivas, questiona tabus de sexualidade - como na música "Pynk", cujo figurino do clipe remete à anatomia feminina - e abre o debate com relação a desigualdade de gênero e racismo.
A natureza de Elza Soares é a de dizer o que muitos têm medo de falar. No álbum "Deus é mulher", lançado em fevereiro, não é diferente. A começar pelo título do projeto, Elza levanta a bandeira do feminismo e da representatividade da mulher negra de forma contundente em todo o trabalho.
Donald Glover mergulhou na história recente dos EUA para elaborar o clipe da música "This is America". O single chegou ao topo da parada da “Billboard” ao refletir sobre o racismo nos Estados Unidos, bem como sobre ataques em massa e ao papel da indústria midiática nos contextos atuais.
Em um dos trechos do vídeo, Gambino faz referência ao ataque à igreja de Charleston, que deixou nove mortos em 2015.
O k-pop do Bangtan Sonyeondan, o BTS, nunca se afastou de levantar questionamentos sobre a sociedade. Na música "No", por exemplo, os garotos refletem sobre o pensamento de que o trabalho em excesso é o único caminho para a felicidade. Em seu último álbum, "Love Yourself Tear", eles também falam sobre amor próprio e autoaceitação.
As duas estrelas da música pop americana se uniram em uma parceria para questionar as estruturas patriarcais da sociedade. "Fall In Line" é um recado de quem já passou por opressões machistas às gerações mais novas de garotas: "Meninas, prestem atenção. Ninguém me disse, mas você precisam saber que, nesse mundo, vocês não estão em dívida. Você não deve a ninguém o seu corpo ou a sua alma".
Alice Caymmi fala de amor próprio e autossuficiência na letra de "Sozinha". A música apresenta uma mulher que decidiu ser dona do próprio destino após o fim de um aparente relacionamento. "Eu mesma faço um par comigo", diz a cantora, que tem Cléo Pires ao seu lado no clipe do single.
O clipe de "Girls Like You", uma parceria entre a banda liderada por Adam Levine e a rapper Cardi B, exalta a diversidade entre as mulheres, seja na expressão de seu gênero, raça, religião ou orientação sexual. Celebridades como Ellen DeGeneres, Mary J. Blige e Camila Cabello aparecem no vídeo para chamar atenção para essas questões.
Assim como Gambino, Shawn Mendes e Khalid usam "Youth" para refletir sobre tiroteios em massa e posse de armas nos EUA. Eles alertam para o número de vítimas jovens que têm sido alvo dessa violência. No Billboard Music Awards, os dois tocaram a música em uma apresentação que teve a participação de sobreviventes do ataque a uma escola em Parkland, em fevereiro.
Sempre questionadora, Pitty não hesita em apontar as contradições presentes nos padrões sociais em "Contramão". Entre eles, questiona o discurso machista de moldes estabelecidos por homens ("Não dou espaço pra macho querer me definir"). A música é gravada em parceria com a rapper Tássia Reis e Emmily Barreto, da banda Far From Alaska. A letra é assinada por Pitty e por Tássia.
O Black Eyed Peas nunca se absteve de criticar os descaminhos da sociedade. Desde "Where Is The Love", hit que os levou ao estrelato, o grupo já questionava ações movidas pelo ódio. As novas "Street Livin" e "Ring The Alarm" pontuam questões relativas ao privilégio branco e à opressão de negros.
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